THIAGO
O escritório estava abafado, o ar pesado com o cheiro de uísque e o resto da raiva que eu não tinha conseguido engolir. A festa do aniversário da minha pequena rolava lá fora, música alta, gente rindo, e eu ali, trancado com ela e o Lucas, o cara que sempre soube exatamente como cutucar as minhas feridas.
— Você tá achando que engana alguém? — ele soltou, a voz carregada de um deboche que fez meus punhos se fecharem sozinhos.
— Fala direito, porra. — Eu me aproximei, sentindo o sangue latejar nas têmporas.
Ele não recuou. Nunca recuava. Sorriu, aquele sorriso de quem sabe que tá prestes a ganhar.
— A Mirela não é sua. Nunca foi.
O primeiro soco saiu antes que eu pudesse pensar. Acertou ele no queixo, fazendo ele cair contra a estante, livros caindo no chão. Ele riu, esfregando o rosto, e então revidou. A dor explodiu no meu lado, mas eu nem senti direito, já agarrando ele pelo colarinho e jogando contra a parede.
— Repete. — gritei, a voz saindo rasgada.
Ele cuspiu sangu