MIRELA
Depois de horas presa naquela casa, depois de ouvir o Rodrigo gritando, chorando e se drogando na minha frente, eu já não sabia mais o que esperar. Mas, de repente, o efeito das drogas e da bebida começou a derrubar ele.
Primeiro, ele parou de andar de um lado pro outro.
Depois, sentou no colchão bagunçado que tinha no canto do quarto. Seus olhos começaram a pesar, e as palavras saíam emboladas, sem sentido. Em minutos, o descontrole virou moleza.
Ele apagou ali mesmo, do meu lado, roncando pesado. A camisa aberta, suado, fedendo a álcool e cigarro.
Meu coração disparou. Aquela era a minha chance. A única. Não podia desperdiçar.
Esperei alguns segundos só pra ter certeza que ele tava dormindo de verdade. Não dava pra arriscar ele acordar no meio da minha fuga. O medo me travava por dentro, mas o desespero falava mais alto. Eu precisava sair dali.
Com cuidado, me levantei devagar, sentindo a dor nas articulações. Meus pulsos estavam doloridos, a pele vermelha de tanto tentar so