7. Caminhos Cruzados
O sol da manhã entrou preguiçoso pela janela do meu quarto. A noite havia sido inquieta. Cada vez que fechava os olhos, era como se o quase-beijo com Gael se repetisse, em câmera lenta, alimentando pensamentos que eu tentava sufocar.
Mas eu tinha decidido.
Distância.
Controle.
Lúcida — era assim que eu queria me manter.
Quando desci as escadas, encontrei Ana Clara tomando cereal e Helena no colo de uma mulher loira, elegante, com cabelo preso em um coque suave e roupas de academia que pareciam saídas de um catálogo.
— Olha quem veio nos visitar! — disse Gael, sorrindo de um jeito diferente.
Daquele tipo de sorriso que não se vê todo dia.
— Lívia, essa é Bianca — ele disse, virando-se para mim. — Amiga da família. As crianças a adoram.
Bianca se levantou, ainda com Helena nos braços.
— Oi, querida! Ouvi muito falar de você — disse, estendendo a mão com um olhar amistoso, mas analítico.
— Prazer — respondi, tentando soar natural.
Ana Clara correu e se enroscou nas pernas de