8. Entre o silêncio e o desejo
Acordei com o som da chuva fina batendo contra a janela. A casa estava mergulhada num silêncio estranho, como se até as paredes tivessem medo de falar alto.
Desci as escadas devagar, ouvindo apenas o som dos meus próprios passos. Gael estava na sala, com Helena nos braços. Ele me olhou por um segundo e depois desviou o olhar, como se minha presença o incomodasse.
— Bom dia — murmurei.
— Bom dia — respondeu seco.
Ele parecia distante. Não era o mesmo homem que, dias atrás, quase me beijou com o mundo pegando fogo ao redor.
Tudo estava diferente. Ele estava diferente.
Na cozinha, preparei o café sem trocar uma palavra com ele. Quando voltei à sala para perguntar se queria café, ele já havia subido.
Era como se uma muralha invisível tivesse sido construída entre nós durante a noite.
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Ao longo do dia, nos cruzamos algumas vezes. Tudo mecânico. Ele falava apenas o necessário. Eu, com o orgulho ferido, fazia o mesmo.
Na hora do almoço, Bianca apareceu com um pote de sopa caseir