Fernando Duarte:
— Ela é muito bonita, senhor — desvio minha atenção da janela para o retrovisor, onde o meu olhar se encontra com o dele.
— Quem?
— A moça que o senhor estava dando em cima — me engasgo e começo a tossir.
— Não dei em cima dela — me defende recuperando o fôlego.
Pedro balança a cabeça descrente enquanto sorrir sem mostrar os dentes. Nenhum de nós dois falamos mais nada, o restante do caminho é feito em silêncio.
— Obrigado, Pedro, tenha uma boa-noite! — Me despeço dele e encontro em casa.
Subo as escadas com passos pesados, arrastando-me até meu quarto. As roupas são arrancadas do meu corpo e jogadas sem cerimônia pelo chão. No banheiro, a luz branca parece penetrar minha mente como uma lâmina afiada, cortando a escuridão que tento desesperadamente abraçar. Desligo a luz, mergulhando na penumbra reconfortante do espaço confinado.
Conhecendo o caminho de cor, adentro o box e ligo o chuveiro. Os jatos fortes de água fria caiem sob meu cabelo, rosto e corpo. O som da águ