- Não vou me prostituir! - Exclamo extremamente ofendida com esse acordo proposto. - Sei que não tenho muito dinheiro, mas sei muito bem que tenho o meu valor! Laura Martins, uma mulher determinada e batalhadora, tem novamente as suas estruturas abaladas com a notícia de um câncer avassalador que pode interromper seus sonhos, e como se não bastasse, recebe uma notícia ainda pior, o falecimento de seu único irmão, que deixou para trás uma menina de três anos. - Entenda, você salva o filho dela e ela salva você, simples assim, Laura. Fernando Duarte, se sentindo culpado pela tragedia do passado, fechou-se dentro de sim, distribuindo para as pessoas ao seu redor apenas frieza e grosseria. Mas tudo muda quando uma pequena mulher insiste, de uma forma irritante, permanecer ao lado dele. Como ele irá reagir quando descobrir a verdade por trás desse romance?
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Cuidadosamente, fecho a porta de vidro fumê ao sair da sala do RH. A alegria, ansiedade e esperança percorrendo todo o meu corpo fazendo-me vibrar com as emoções borbulhantes dentro de mim.
Me controlo ao máximo para não andar saltitando enquanto encaro esse pequenino livro azul em minhas mãos como se fosse o maior tesouro do mundo. Agora que está finalmente assinado, com certeza conseguirei alugar uma casa e sair das ruas perigosas dessa cidade; mostrarei aos meus pais, que me expulsaram de casa apenas com as roupas que estou no corpo – uma camisa de mangas curtas, calça surrada e sapatilhas com um pequeno furo na sala–, que de agora em diante sou uma pessoa independente, e não preciso mais contar com a piedade de estranhos para sobreviver.
A assinatura na minha carteira de trabalho é o meu passaporte para uma vida melhor...
— Aí!
Gemo de dor ao cair de bunda no chão.
— Merda! — exclamo frustrada, rapidamente me levanto e com as mãos abertas espalmo sobre minhas roupas para tirar a poeira do chão.
Ergo um olhar raivoso para a parede, mas sinto a surpresa deixa minha mente em branco com a visão de um terno preto abraçando músculos de um corpo masculino. Elegante — penso.
— Ei cara, olha por onde anda! — Reclamo, recuperando a minha razão.
— Aqui não é lugar para mendigos — diz a parede de músculos, seu tom grosseiro e hostil tentando me humilhar faz a raiva fulminar dentro de mim, ergo as vistas em sua direção, e por um instante, quase esqueço que esse babaca me derrubou no chão e nem ofereceu a mão para me ajudar. O que tem de bonito, tem em dobro de idiota.
Apesar do brilho penetrante dessas safiras azuis, seus olhos destilam frieza e um vazio assustador. No entanto, seu charme não passa despercebido: sobrancelhas espessas e escuras contornam o olhar sério e hostil, a barba por fazer acrescenta um toque jovial, e a boca rosada, larga e carnuda completa o quadro facial. É lamentável que toda essa beleza se restrinja apenas à aparência externa.
— Um mendigo tem mais educação que você — retruco, recuperando a compostura. — Derrubar uma dama no chão, não pedir desculpa e nem sequer a ajudá-la a se levantar, é um perfeito ogro — alego petulante, olhando-o de cima a baixo com o lábio superior franzido demonstrando todo o meu desprezo. Mas quem começou com as ofensas foi ele, então que aguente agora, oh belo ogro.
— Não estou vendo nenhuma dama, só uma pirralha maltrapilha — ele continua me ofendendo, fazendo minha raiva crescer ainda mais.
— E eu só vejo um ogro feio! — Exclamo exaltada.
Certo, de feio ele não tem nada. Ele aparenta ter uns trinta anos, mas isso não importa. No meu mundo, a beleza externa não é tudo.
— Com quem você acha que tá falando, menina? — Pergunta, de cara feia, tentando me intimidar. Comigo isso não funciona não, garotão.
— Com um ogro mal-educado que saiu direto do pântano! — Respondo, atrevida.
— Sua fedelha... — ele xinga com a voz rouca, fazendo-me arrepiar. O gelo em seus olhos dá lugar a chamas azuis de ódio, como se saídas direto do inferno. Sinto meus ossos começarem a tremer enquanto ele se aproxima de mim com passos firmes e ameaçadores.
Mesmo com uma língua atrevida, sou extremamente medrosa. Dou passos para trás, e, para minha salvação, uma mulher de meia-idade se coloca entre mim e o ogro.
Observo a senhora de costas. Ela está usando um terninho elegante, o cabelo é curto e um pouco grisalho, na altura dos ombros. Saltos médios e finos completam o visual.
— Fernando, meu filho, estão todos te esperando na sala de reuniões. Você não pode se atrasar — diz a mulher suavemente. A expressão no rosto do ogro volta a ficar neutra, me deixando aliviada. Ele acena com a cabeça para a mãe e dá as costas, sem nem olhar para mim. Ainda bem, estou nova demais para conhecer o céu.
É melhor eu aproveitar essa chance. Viro de costas e levanto a perna para dar o primeiro passo, mas uma mão toca meu ombro.
— Qual o seu nome, querida? — pergunta a mulher.
— Laura Martins — falo, fico de frente para ela. — E a senhora?
— Pode apenas me chamar de Cristiane — ela responde meigamente, finalizamos a apresentação com um aperto de mão. — Você é bem jovem, tem mais de vinte anos?
— Vinte e quatro, senhora — respondo alegre, é sempre bom parecer que temos uma idade menor.
— Você já conhecia o meu filho?
— Aquele ogro... hum-hum — pigarreio. — Eu não conhecia o seu filho não — respondo. — Ele esbarrou em mim e me derrubou, só isso.
— Ah, sim — a senhora sorrir, e por alguma razão, acho o seu sorriso suspeito. — Sinto muito. Você machucou-se?
— Agora já estou bem — comento, sorrindo. Apesar de achá-la suspeita, ela aparenta ser gentil. — Obrigada pela preocupação. Já vou indo. Tenha um bom dia!
— Para você também, querida. Nós nos veremos mais vezes — ela declara e sorrir, eu sorrio amarelo e me afasto.
Assim que coloco os meus pés para fora dessa empresa, o vento b**e no meu rosto, respiro aliviada.
— Cruzes, nada contra a senhora, mas espero nunca mais ver aquele ogro na minha frente.
Respiro fundo, o meu dia está apenas começando.
~
— Desculpe, mas não posso firmar contrato com alguém na sua situação — a mulher pigarreia e desvia o olhar, abrindo a porta para que eu saia.
Meu coração falha uma batida. Este é o décimo não que recebo. Pensei que mostrando minha carteira de trabalho assinada teria uma chance, mas pelo menos esta mulher não me acusou de falsificação.
Fiquei tão feliz por conseguir um emprego com carteira assinada, pensando que hoje não precisaria enfrentar a fila do abrigo. Amanhã será meu primeiro dia, mesmo sendo como faxineira. Estou ansiosa, o cheiro da minha independência é bom.
As lágrimas querem sair. Sem um centavo, minha barriga ronca. O abrigo está longe. Talvez a moça que distribui sopa já tenha ido embora. Queria pegar um ônibus, mas agradeço por poder andar, enquanto muitos estão presos numa cadeira de rodas.
Como vou sobreviver até chegar o dia de receber o meu primeiro salário? Pensar nisso me deixa angustiada.
Respiro fundo e as minhas narinas são preenchidas por um cheiro delicioso vindo de um restaurante, o cheiro de macarrão com molho rose faz a minha boca salivar e o meu estômago revirar, mesmo estando alguns metros de distância.
Apresso os passos. O aroma aumenta. Chego à vitrine, observando as pessoas dentro do restaurante, todas bem vestidas e despreocupadas. Apoio a testa no vidro, imaginando que no próximo mês, assim como eles, estarei sentada, comendo sem preocupações.
Apoio a testa no vidro e sorrio, imaginando que no mês que vem, assim como essas pessoas, eu também estarei sentada, comendo uma refeição sem preocupações.
— Ah não, você de novo? Só me faltava essa — uma voz familiar interrompe meus pensamentos.
Viro-me e encontro aqueles olhos azuis. De onde eu os conheço?
— Quer tirar uma foto? Posso autografar para você admirar depois — ele diz, arrogante, reviro os olhos.
Lembrei! Ele é o ogro de mais cedo.
— Se eu te olhar mais um pouco — olho-o de cima a baixo com o lábio superior franzido. — É bem capaz de eu pegar a sua feiura, seu ogro feio.
— Sua...
Minha barriga ronca alto, interrompendo-o. Sinto meu rosto pegar fogo de vergonha. Desvio o olhar e começo a andar para longe e cruzo os braços, começo a andar para longe dele.
Céus! Não preciso do olhar de pena desse ogro.
Uma mão grande segura meu braço, fazendo-me parar. Estremeço com o toque.
— Solte-me! — Mando, tentando parecer durona enquanto puxo o meu braço.
— Desculpe — ele diz, surpreendentemente. Vejo suas mãos em punhos, parecendo que está controlando a raiva. — Quer jantar?
Estreito os olhos.
— O ogro está me convidando para um jantar? — O provoco, não consigo evitar o sorriso à medida que o rosto dele vai ficando mais vermelho. — Uau, é para se redimir pela falta de educação?
— Ah, esquece! — Ele me dá as costas.
Antes que ele desça da calçada, seguro seu terno. Ele para e me fita.
— O que você quer, pirralha?
Minha barriga responde alto, abaixo a minha cabeça e engulo seco. Estou há mais de 24 horas sem comer, isso dói.
Um vento frio sopra fazendo-me abraçar o meu próprio corpo.
— Quê? — Sussurro, piscando várias vezes, ao sentir seu terno sobre meus ombros. Olho-o com admiração, mas ele evita meu olhar.
— O que você quer? — Ele repete, agora me fitando, por alguns instantes me perco no mar gélido de seus olhos.
— Eu... aceito o convite para jantar — digo baixinho, engolindo meu orgulho.
Olá! Como vocês estão? Eu estou meio chorosa nesse momento, rsrsrs.Quero muito agradecer por todas vocês, primeiramente a Socorro Miranda. Comecei a escrever Alugada, há dois anos, porém, nunca passava dos primeiros 5 capítulos. Modifiquei tantas vezes, muitas vezes mesmo, mas a Miranda nunca desistiu e acompanhou cada mudança. Muito grata por seu incentivo e paciência comigo.Ao publicar aqui, fui agraciada com mais leitoras: CamilaRibeiro25, Maria, Camila Assunção, Claudia Moraes, Ana Cristina Barbosa e KKgz.Vocês dominaram a minha mente, sério. Eu sentava na frente do notebook para escrever e a cada cena, eu me perguntava quais seriam suas reações. Pense que fiquei boba, tentando adivinhar e ficando ansiosa para ver nos comentários que vocês leram.De coração, agradeço a cada comentário, graças a vocês, fiquei inspirada e consegui chegar ao um final em que chorei ao escrever.Obrigada também aos leitores fantasmas (aqueles que estão lendo, mas como não tem nenhum comentário, eu nã
Seis meses depois:Fernando Duarte:— AAH! — Laura grita, mais uma vez, e sua cabeça cai sobre o colchão.Meu coração palpita forte em meu peito, seguro a sua mão, o nervosismo e ansiedade pulsando em cada célula do meu corpo. Forço um olhar tranquilo, mesmo que eu mesmo esteja gritando por dentro, mas preciso transmitir forças para ela, e gritar, não vai ajudar em nada.O som do munitor cardíaco, o cheiro de antissépticos no ar, as instruções da médica obstetra o tempo todo mostrando como Laura deve respirar e a mandando fazer força, tudo isso é um borrão distante, meu foco está no rosto da minha esposa. O suor escorre por sua testa, seu peito sobre e desce rápido.— Você está indo muito bem, minha dragãozinha. Estamos quase lá, quase.Em resposta, Laura aperta a minha mão, as falanges de seus dedos ficam brancas de tão forte enquanto um grito estridente ecoa por sua boca. Vejo a determinação em seus olhos, a vontade de trazer nossos filhos ao mundo,
Laura Martins:Impossível controlar as lágrimas que saem assim que passo pelas portas duplas do hospital. Meus joelhos fraquejam, mas uso toda a força que tenho para me manter em pé. Sinto um nó na garganta, e cada passo parece pesar uma tonelada.— Você está linda, Laura — Mike vem em minha direção, sua voz suave e reconfortante. Até que ele ficou ainda mais charmoso careca. Ele beija a minha testa e me estende o braço. Seguro-o, sentindo-me grata por seu apoio incondicional.— Obrigada, Mike — respondo, minha voz trêmula, mas cheia de gratidão.Mesmo eu tento parado com a quimioterapia, dois dias depois que acordei, meus cabelos caíram. E, até o momento ainda não nasceram. O doutor disse que é os sintomas finalmente aparecendo. Estava tão fraca que nem tive força para chorar, mesmo me sentindo destruída por dentro e ainda mais temerosa pelo meu bebê. Bebês. São gêmeos. Um casal.Há duas semanas, fiz a cirurgia para remover completamente a mama, não pude voltar para casa porquê ainda
2 meses depois:Olivia Gomes:— Não quero usar isso — falo, me recusando a deixa-lo me algemar.Nunca conversei com ele sobre ser virgem, mas ele já havia me contato, enquanto eu fingia ser homem que ele gosta de algemar, amarrar e vendar as mulheres com quem dormia, ele se gabava dizendo o quanto elas gritavam loucas com o prazer. Eu fingia que não era demais, para ele não perceber que eu não era homem.Mas agora, com minhas costas coladas na parede, estando seminua, tendo os meus pulsos presos no alto da minha cabeça, com a perna dele entre minhas pernas, enquanto esfrega sua ereção grossa contra minha barriga, me controlo para não engoli em seco e manter minha respiração calma.— Tem medo que faça algo de que não goste estando algemada? — Ele questiona, seu hálito quente contra meu pescoço, seus dentes mordiscando e provocando a pele sensível.— Não sou sã disso, Mike — respondo, minha voz tão rouca que praticamente não a reconheço. — Gosto de me sentir livre, quero poder tocar você
Fernando Duarte:Observo o peito de Laura subir e descer com sua respiração constante. Seu rosto ainda está pálido.— Perdão, Laura — peço, coloco sua mão em minha testa.Já fazem dois dias que ela está assim, respirando com ajuda de maquinas, com vários fios conectados por seu corpo.No relógio marcam que já se passou das duas e meia da tarde. O médico disse que conseguiram estabilizá-la, mas que o bebê ainda corre perigo, então estão mantendo Laura sedada e em monitoramento constante.Os socos de Mike ainda doem, mas eu me arrependo de não ter deixado ele me bater mais. Eu merecia, muito mais do que isso. Minha mente não para de imaginar como foi a cena de Laura no chão, Maya chorando ao lado dela com medo logo depois de eu sair batendo a porta. Como pude ser tão babaca?Laura me ensinou tanto, mas na hora H, que ela mais precisava, apenas pensei na minha dor. Ignorei suas razões e foquei apenas em mim. Como Mike disse, um babaca de merda.A minha mãe veio aqui, assim que Pedro cont
Mike Silva:O sinal fica vermelho, mas não paro. Acelero cada vez mais, escuto as buzinas dos outros carros, mas não ligo. Giro o volante e ultrapasso vários carros um após o outro. Meu coração bate acelerado no peito, onde diabos está Fernando!?Depois de dez minutos, que mais pareceram mil horas, paro o carro em frente à casa de Laura e saio correndo, Olivia vem logo atrás de mim. Antes mesmo de abrirmos a porta, escutamos o choro desesperado de Maya. Nos entreolhamos e entramos rapidamente.Corro direto para o quarto de Laura. O choque de vê-la desmaiada no chão, a pele completamente pálida, me deixa em estado de pânico. Me ajoelho ao seu lado, sua pele está fria, levanto suas pálpebras e vejo seus olhos revirados. O corpo de Laura começa a convulsionar, e o choro de Maya fica ainda mais alto.— Mike, o que a gente faz? — Olivia pergunta, sua voz cheia de medo enquanto ela tenta acalmar Maya que chora.Viro o corpo de Laura de lado e seguro sua língua, para que ela não sufoque. Dep
Último capítulo