CAPÍTULO 79— A Estética da Farsa
Clara mal sabia onde estava.

O carro tinha parado. As pernas não respondiam direito. A cabeça? Um liquidificador em câmera lenta. Ela tentava falar, mas as palavras vinham cortadas, embaralhadas. Tinha aceitado suco que Gianluca ofereceu minutos antes, sem notar o gosto sutil demais pra ser notado. Agora, o mundo parecia… sem volume.

O loft de Gianluca Renaldi parecia suspenso do resto da cidade. Longe do caos, longe dos olhos, longe da verdade.

Clara estava ali.

Mas não estava.

O suco que ele mesmo havia preparado horas antes — com a adição de um composto leve, mas eficaz — deixara seus sentidos em névoa. Ela murmurava coisas desconexas, tentava se mover, mas o corpo pesava. Tentou levantar. Caiu sentada.

— Para… quero… ir — balbuciou, a voz engolida pela desordem neurológica.

Gianluca apenas sorriu. Um sorriso ensaiado.

— Vai ficar tudo bem, Clara. Só precisa descansar. Confiar em mim.

Ela tentou olhar para ele. Mas os olhos, mesmo abertos, pareciam nublados. A mente, embara
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