Clara mal sabia onde estava.
O carro tinha parado. As pernas não respondiam direito. A cabeça? Um liquidificador em câmera lenta. Ela tentava falar, mas as palavras vinham cortadas, embaralhadas. Tinha aceitado suco que Gianluca ofereceu minutos antes, sem notar o gosto sutil demais pra ser notado. Agora, o mundo parecia… sem volume.
O loft de Gianluca Renaldi parecia suspenso do resto da cidade. Longe do caos, longe dos olhos, longe da verdade.
Clara estava ali.
Mas não estava.
O suco que ele mesmo havia preparado horas antes — com a adição de um composto leve, mas eficaz — deixara seus sentidos em névoa. Ela murmurava coisas desconexas, tentava se mover, mas o corpo pesava. Tentou levantar. Caiu sentada.
— Para… quero… ir — balbuciou, a voz engolida pela desordem neurológica.
Gianluca apenas sorriu. Um sorriso ensaiado.
— Vai ficar tudo bem, Clara. Só precisa descansar. Confiar em mim.
Ela tentou olhar para ele. Mas os olhos, mesmo abertos, pareciam nublados. A mente, embara