1 ano depois
Meus passos ecoam pelo assoalho amadeirado. Eu posso sentir o montante de olhares sobre mim. Há vários tipos de olhares, a maioria é curioso, outros são carregados de piedade, e há um em especial que transborda medo.
Medo.
Profeta Jorge está sentado no banco dos réus. Ele teme minhas palavras porque sabe que eu vou condená-lo. E, vê-lo assim, só me enche de satisfação. Agora ele não é mais um líder que eu temo. Ele é só um homem apavorado, prestes a ser condenado há muitos anos de cadeia. Eu o encaro e ele desvia os olhos, abaixa a cabeça. É só um covarde.
— Sra. Atalia — ouço a voz do promotor, enquanto ele aponta uma cadeira diante do juiz. Eu me sento e ele prossegue: — Por favor, sinta-se à vontade para responder todas as nossas perguntas. Caso não queira responder algo, é só dizer que iremos respeitar sua vontade. Sabemos que é um capítulo difícil em sua vida.
Posso sentir uns breves flashes de luz. Há câmeras em minha direção, apesar do juiz só ter permitido uma equ