A luz do sol arde em minhas vistas. Eu tento abrir meus olhos, lutando desesperadamente por retomar a minha consciência. Eu temo nunca mais acordar. Eu temo permanecer para sempre na escuridão.
Minhas mãos estão presas por cordas fortes, daquelas que se usa para amarrar a cabeça dos porcos antes do abate. Meu corpo dói e eu sei que há sangue na minha cabeça porque sinto um gelado e molhado em um canto direito que arde muito.
Eu sei onde estou, antes mesmo de vislumbrar o feno um pouco sujo de barro do chão daquele celeiro velho e caindo aos pedaços. Tento recuperar meu fôlego, enquanto a realidade vai me tocando, como mãos geladas e cruéis, e eu sei que é meu fim.
De alguma forma, eu sei.
Tive a coragem de fugir do Profeta Jorge. À visão de todos ali, eu estava entregue aos demônios. Eu ousei me retirar da presença de Deus e me curvar ao mundo, viver fora dos dogmas da religião.
Uma mão forte me ergue do chão, me forçando a sentar. Encaro meu velho pai, que nem sequer tem a ousadia de