Início / Romance / Acordo com o Inimigo / Capítulo 7 – De Volta à Tempestade
Capítulo 7 – De Volta à Tempestade

A manhã seguinte chegou cinzenta. A chuva da noite anterior persistia em forma de garoa silenciosa, como se o céu estivesse hesitante em deixar o sol voltar. Luna estacionou o carro diante da mansão e ficou ali por alguns instantes, olhando o portão automático se abrir lentamente. Havia dormido no apartamento da mãe, pois não queria voltar à mansão naquele dia. Não queria lidar com aquilo naquele dia, só precisava se distanciar.

Respirou fundo e saiu do carro. Ajustou o casaco. Reviu mentalmente cada palavra da mensagem que ele havia mandado na noite anterior. E sentiu cada uma delas também, como algo verdadeiro, profundo.

“Você não me vê pela metade. Isso me assusta. E mexe comigo.”

Era a primeira vez que Caio se mostrava humano. Não como o empresário implacável, o ex-jogador de futebol, o homem quebrado ou o paciente arredio… mas como um homem que finalmente reconhecia a mulher diante dele.

Ela fez o percurso do carro até a entrada da mansão decidida. Não fugiria mais. E não deixaria que ele fugisse também.

Quando entrou, encontrou a casa em silêncio. Apenas o som suave de jazz vindo da sala ecoava pelos corredores. Um clima estranho — como se a mansão também aguardasse algo.

Caio estava ali, de costas, na sua cadeira perto da lareira. Vestia um suéter escuro que o deixava ainda mais elegante, mas havia algo no jeito como mantinha os ombros curvados que o tornava vulnerável.

— Achei que você não voltaria — disse, sem se virar.

— Pensei em não voltar — respondeu ela, firme. — Mas eu não sou o tipo de pessoa que vai embora quando as coisas ficam difíceis. Já teve gente suficiente assim na sua vida.

Ele se virou, os olhos buscando os dela.

— Eu não sou fácil, Luna.

— Eu também não. Mas isso nunca me impediu de amar ninguém.

Houve um silêncio denso. Não de desconforto — mas de palavras não ditas, emoções represadas.

— Eu ainda estou aprendendo como ser... isso. — Ele fez um gesto vago com a mão. — Um homem de novo. Um homem inteiro, mesmo que de um jeito novo. E eu tenho medo. Medo de tentar. Medo de falhar com você.

Luna se aproximou. Parou diante dele, tão perto que podia sentir sua respiração.

— Não é preciso estar inteiro para ser digno de amor, Caio. Às vezes, é justamente o amor que nos reconstrói.

Os olhos dele brilharam com uma emoção que ele não soube esconder. Era como se uma muralha invisível estivesse, finalmente, rachando.

Ela ergueu a mão e tocou o rosto dele com suavidade.

— Você me atrai pelo que é. Pelas rachaduras. Pelo que tenta esconder. Mas eu não estou aqui para te salvar, Caio. Estou aqui para caminhar ao seu lado — se você quiser.

Ele segurou a mão dela, apertando de leve. Os olhos fixos nos dela.

— Eu quero.

O tempo pareceu parar naquele instante. Como se o universo estivesse segurando a respiração.

E então ele fez algo que Luna jamais imaginaria ver tão cedo: se inclinou devagar e encostou os lábios na mão dela, com um respeito quase devoto.

Foi o beijo mais casto, mais íntimo — e mais poderoso que ela já havia sentido.

Naquela noite, Luna preparou um jantar gostoso, e os dois comeram juntos na varanda envidraçada. Falaram pouco, mas havia uma leveza nova entre eles. Uma paz silenciosa.

Depois do jantar, enquanto ela recolhia a louça, ele se aproximou pela porta.

— Amanhã... — começou ele. — Quero que você me acompanhe. Tenho um lugar pra te mostrar.

— Que lugar?

— Parte da minha história. Parte do que eu perdi. E talvez... do que eu quero reconstruir.

Luna sorriu, curiosa.

— Então vamos.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App