Amélia
Acordei em um quarto escuro, sentindo a cabeça latejar e o corpo pesado. A pouca luz que atravessava a janela iluminava a silhueta de Inácio. Ele estava sentado na varanda, a expressão dura, observando algo à distância.
Levantei da cama, ainda meio tonta por causa da droga que ele me deu, e comecei a procurar minhas coisas — meus sapatos, minha bolsa.
— Aonde vai? — a voz dele rompeu o silêncio. Ele não se moveu do lugar, mas eu sabia que me observava.
Ignorei sua pergunta e continuei procurando. Encontrei minha bolsa embaixo da cama e me dirigi à porta. Antes que conseguisse girar a maçaneta, a mão dele agarrou meu pulso com força.
— Eu perguntei para onde estava indo! — disse, a voz gelada.
— Embora. Não tenho nada para fazer aqui! — rebati, erguendo a cabeça. Eu não iria deixar ser intimidada.
— Para quê? Vai atrás daquele merda, de novo?! — ele disse, irritado, o aperto aumentando.
Consegui me soltar.
— Aonde vou ou deixo de ir não é da sua conta. Afinal, você mesmo disse p