Elena Moreau
A brisa da manhã era suave, dançava entre as cortinas da sala como se sussurrasse lembranças. Eu estava sentada no velho balanço de madeira da varanda, o mesmo que Clóvis e Diego instalaram tantos anos atrás. Meus olhos estavam fixos na longa estrada de cascalho que levava ao portão de nossa casa. Era um dia importante, talvez um dos mais difíceis para mim: o dia em que Amélie partiria para a faculdade.
Ela era a mais velha, a primeira a deixar o ninho. A menina que um dia chegou em nossos braços depois de ter sido resgatada das ruas de Veneza por Clóvis e Diego. Ela cresceu com um coração nobre, olhos vivos e uma coragem serena que me lembrava tanto de mim quando mais jovem, e ao mesmo tempo, nada parecida comigo. Era única. Tinha uma força branda, uma sabedoria precoce. E hoje, aquela menina agora mulher, carregava seus sonhos na mala e uma lágrima escondida nos olhos.
Leon estava com ela no quintal, ajudando-a a organizar o porta-malas do carro. Theo, com seus dezesset