Capítulo 33.
Arthur sorriu, mas não rebateu. Apenas esperou que ela entrasse no carro e fechou a porta com delicadeza incomum. Caminhou em volta do veículo, ainda sentindo os flashes reverberando no corpo, como uma lembrança incômoda da encenação recém-finalizada. Entrou no carro, ajustou o cinto e ligou o motor. O silêncio entre eles parecia diferente agora. Não era desconfortável. Era carregado. Quase íntimo.
— Vai querer ir direto pra casa? — ele perguntou, com os olhos na rua.
— Acho melhor sim. — ela respondeu, olhando pela janela.
Mas a verdade era que ela não queria ir pra casa. Não queria voltar pro vazio meticulosamente decorado da residência em que vivia. Não queria encarar as paredes que ouviam seus silêncios, as almofadas que já estavam moldadas à sua solidão. Queria — ainda que por pouco tempo — continuar fingindo que aquilo tudo era real.
Arthur, por sua vez, alternava o olhar entre a avenida movimentada e o perfil dela refletido no vidro. Havia algo na postura de Rebeca naquele mome