Arthur olhou para ela em silêncio por alguns instantes. O olhar não era de desafio, tampouco de arrogância. Era um acordo silencioso sendo selado entre dois prisioneiros do mesmo castelo.
— Está bem — ele respondeu, enfim, com a voz rouca. — Esse será o nosso quarto. O “quarto oficial”.
— Eu odeio tudo isso — ela disse, baixinho. — Essa casa, esse casamento, essa vida de mentira. Eu odeio não ter escolha.
Arthur deu de ombros.
— As aparências são tudo para os nossos pais — Ele falou, andando até a janela e empurrando a cortina pesada para o lado. — Eles fingem que vivem num castelo de ouro quando tudo já está ruindo por dentro. E agora querem que a gente continue a farsa por eles.
Rebeca não respondeu. Ficou parada ainda sentada na cama do quarto. Os dedos apertavam o tecido fino do vestido na altura da barriga, como se aquilo fosse impedir a dor de subir até o peito.
O silêncio entre os dois não era desconfortável — era denso, cheio de significados não ditos. Ela passou os dedos lent