A tarde estava ensolarada. O verão trazia consigo altas temperaturas. Os dias durante essa estação pareciam ser mais longos que as noites, fazendo Arthur ter a sensação de que sempre estava vivendo o mesmo dia.
O jovem de cabelos loiros espreguiça seu corpo musculoso e ao virar-se, vê um corpo nu em uma cama de motel. Ele sorri ao ver sua amada ao seu lado. Ele acaricia os longos fios de Sofia enquanto a jovem dormia tranquilamente. Seu coração ficou quentinho ao ver que sua amada estava ao seu lado. Com cuidado, ele levanta-se e vai ao banheiro tomar um banho rápido, pois ao ouvir o barulho de seu celular, sem precisar olhar para a tela do aparelho, já sabia que seu pai estaria ligando. — Meu amor, que susto eu levei. Pensei que você havia ido embora e me abandonado. — a jovem fala, manhosa. — Jamais faria isso, minha vida. — o loiro falou, dando um selinho na moça. — seu sogro está me ligando. Hoje mais cedo disse que tinha uma reunião importante e que eu deveria estar presente, e eu acabei me esquecendo. — Não sei porque meu sogrinho me detesta. — Ele não lhe detesta, Sofia. Já lhe disse isso. — Arthur informou, enquanto se vestia. — Mas não apoia nosso namoro. — Meu amor, eu já lhe disse que vou me casar com você. E ele não pode mudar isso. — Então me assume logo de uma vez. — a loira insistiu, chateada. — Eu vou te assumir, mas no momento certo. — Você deve estar com outras, por isso que me trata assim. — Outras? — ele riu, incrédulo. — Sofia, você foi minha primeira namorada, foi com quem eu tive minha primeira vez, com quem eu compartilho meus sonhos e planos. Acha mesmo que eu tenho outras? — Desculpa docinho, você sabe que eu morro de ciúmes de você. — E você sabe que eu morro ainda mais de ciúmes de você. Principalmente quando você está com o… — Eu já lhe disse que Isaque é apenas meu primo. — a jovem falou, cortando a fala do loiro. —Ele veio de outra cidade, não conhece ninguém. — Hum, entendi… — Você deixe esses ciúmes bestas, porque Isaque e eu somos da mesma família. — ela falou, levantando-se da cama e indo em direção ao banheiro. Ambos já estavam devidamente vestidos. E como sempre, Arthur saia pelas portas dos fundos com seus óculos escuros e um chapéu maior que sua cabeça. Motivo? Simples! Ele era filho único de uma renomada família que trabalhava no ramo de tecidos. Os fotógrafos viviam em sua cola, mas o rapaz nunca deixou que escapasse nada sobre sua vida pessoal. (...) Arthur chega no escritório às pressas. E ao entrar, dá de cara com a secretária de seu pai, que o olha com um olhar reprovador. — Senhora Alves… — o loiro fala com a velha senhora, que apenas balança a cabeça. — O senhor Marcelo não está na sala de reuniões. — a mulher informou, com sua voz séria. — A reunião já acabou? — o rapaz perguntou, preocupado. — Não. Eles estão reunidos na sala do patrão. — Na sala do meu pai? — ele perguntou, confuso. — Se eu fosse você, correria, pois está com 1hr de atraso. Sem dizer nada, Arthur vai em direção a sala de seu pai. Chegando no local, da duas leves batidas e espera a resposta. — Pode entrar! — a voz potente de Marcelo fez com que o loiro ficasse um pouco amedrontado. Ao adentrar na sala de seu pai, achou estranho o fato de além de sua mãe estar, a família Almeida também estava. O clima estava descontraído. As mulheres conversavam enquanto Marcelo e Ricardo falavam alto sobre jogos de basquete. — Bom dia a todos! — Arthur cumprimentou todos os presentes. — Boa tarde! — disse Ricardo, olhando para seu relógio de pulso. O rapaz praguejou-se mentalmente por ter errado o horário. Sorriu sem graça para o senhor Almeida — aquele homem lhe dava medo. — Pai, o senhor me chamou para uma reunião, mas vejo que está ocupado, então voltarei assim que finalizar a conversa. — o rapaz falou, virando-se rapidamente. Tudo o que ele queria era sair daquela sala depois do vexame que deu. — Arthur, pode ficar, eles vieram exatamente para a mesma reunião que você — Marcelo informou, sério. O loiro assentiu e sentou-se no sofá, próximo a sua mãe. — Como quem faltava chegou, vamos direto ao ponto. — Marcelo começou — Estive conversando com Ricardo e nós decidimos que você e Rebeca se casaram para a unificação das empresas, já que nós somos o número um em fabricação de tecidos e eles os maiores exportadores de linho e algodão. — o homem falou, como se estivesse falando de um jogo. Ao ouvir tudo, o rapaz fica pasmo e se levanta em um rompante — Pai, você endoidou de vez? Só pode. — o loiro falou, desesperado. — Eu estou namorando a Sofia e a amo, como vou me casar com Rebeca? — Simples, termina — diz Ricardo, dando os ombros — e quanto ao amor, vocês podem desenvolver com o tempo. Não é pelo fato de Rebeca ser minha filha, mas ela é uma moça linda e bem educada. Além de ser de uma boa família, é claro! Viu aí, quantas qualidades minha princesa possui? Não poderia querer algo melhor para você. — O patriarca Almeida fala, com desdém. — Mas pai, é da minha vida que vocês estão falando, e não simplesmente de uma droga de empresa. — o loiro fala, nervoso. — Meu filho, Ricardo, está certo. Rebeca é uma pessoa maravilhosa, e você terá um ótimo casamento… — Então case você com ela! — disse o rapaz, cortando a fala do pai. — Já chega, Arthur! Respeite o seu pai — diz Carla, depois de ter dado um tapa na face do filho. Ele com os olhos cheios de lágrimas olha pra mãe, decepcionado. — Como posso ter respeito quando não sou respeitado? Quando minha vida é sentenciada sem ao menos me perguntarem o que acho?. Carla nada responde. Arthur desvia o olhar para todos à sua volta, ali havia uma mistura de surpresa e conformidade, a não ser por uma pessoa que o destino também estava sendo decidido, nele o olhar estava aflito, susto e medo — Você está de acordo com isso? — o loiro pergunta a Rebeca, após vê-la próxima a janela, imóvel, sem dizer uma palavra. Rebeca sentiu seu coração acelerar ao ouvir o nome dela ser mencionado. Ela sempre soube que as decisões de sua família eram firmes, que a união entre as empresas era uma prioridade, mas ouvir Arthur expressar sua revolta a deixou sem palavras. Ela se virou lentamente, os olhos grandes e expressivos refletindo uma mistura de emoções. — Arthur… — começou a jovem, sua voz suave quase um sussurro. — Eu… não sabia que isso estava acontecendo. Marcelo olhou para a filha de Ricardo, tentando parecer impassível, mas sua expressão traiu um leve desconforto. A sala estava tensa, e todos os olhares estavam voltados para a jovem Almeida. Rebeca sempre fora a mais tímida entre os membros de sua família, mas havia uma força dentro dela que começava a emergir. — Eu não quero que você se sinta obrigado a nada, Arthur. — ela disse, finalmente encontrando coragem nas profundezas de seu ser. — Se você ama a Sofia, então isso deve ser respeitado. Ninguém deve forçá-lo a se casar comigo.