Entre Relâmpagos e Aconchego
O silêncio durou poucos minutos após a porta do quarto de Artur se fechar com estrondo. Mas não era o tipo de silêncio que conforta era o tipo que paira carregado, espesso, como o ar antes do trovão.
Lara encostou a cabeça nas mãos e respirou fundo. A lareira ainda ardia, mas o calor não alcançava o nó gelado no peito.
Josué, sentado ao lado, esperava. Ela sabia que ele não cobraria uma resposta, nem ofereceria conselhos inúteis. Aquela era uma das muitas qualidades dele:
Saber quando o silêncio era, por si só, o único cuidado possível.
Foi então que ouviram.
Primeiro, o estalo seco de um trovão. Depois, o grito agudo de Gabriel vindo do andar de cima.
Lara se levantou num sobressalto.
— É ele. Sussurrou, e correu pelas escadas.
Josué a seguiu, não correndo, mas com passos largos e determinados. Quando chegaram ao quarto, Gabriel estava em pé na cama, os olhos arregalados, o corpo inteiro em convulsão de agitação.
Ele se balançava para