Epílogo Parte 2
Seis meses se passaram desde a audiência que oficializou o que o coração de Lara já sabia há muito tempo:
Gabriel era dela. Deles. Da casa. Do futuro que construíam a cada gesto.
O sol da manhã de sábado invadia as janelas amplas da sala de estar, refletindo nos quadros coloridos que Gabriel escolhera pendurar por toda a casa, desenhos feitos por ele e por outras crianças do centro terapêutico.
Cada parede respirava infância, cuidado e pertencimento.
Lara descia as escadas devagar, os pés descalços e os cabelos soltos. Encontrou Gabriel sentado ao lado de Josué na varanda, os dois dividindo um quebra-cabeça de animais marinhos.
Josué falava devagar, mas com clareza. Desde que iniciara o tratamento, suas falhas de memória haviam estabilizado.
O novo protocolo medicamentoso, somado à rotina de estimulação cognitiva conduzida com paciência por Clara e os profissionais do centro, trouxera não uma cura, mas dignidade e presença.
— Esse aqui é o cavalo-marinho Dizia Jos