Quando o Silêncio Se Rompe
A tempestade chegou sem avisar, como sempre acontecia naquela região. No fim da tarde, o céu fechou de repente e o vento soprou com força, arrastando folhas secas pela varanda. Lara fechou as janelas do quarto de Gabriel, enquanto Josué recolhia os animais menores e os conduzia ao celeiro.
Artur não estava em casa.
Era a terceira noite consecutiva que saía sem dar explicações. Desde que Lara mencionara o nome de Josué com um brilho contido nos olhos, Artur parecia ter mergulhado ainda mais fundo na espiral de indiferença e provocação.
Chegara a acusá-la de buscar em seu pai o homem que ele mesmo não era e não queria ser.
Ela não respondeu. Não discutiu. Não valia a pena lutar contra quem já desistira de ser melhor.
A chuva caiu pesada, batendo no telhado com força. Gabriel dormia tranquilo no quarto, embalado pelo som da água.
Lara desceu as escadas e encontrou Josué na sala, já trocado, com o chapéu pendurado ao lado da porta.
— As galinhas estão protegid