Epílogo Parte Final: Onde o Tempo Não Apaga
O tempo não volta. Ele não perdoa, não espera, não negocia. Mas, às vezes, ele repara.
Após a audiência que concedeu a guarda definitiva de Gabriel a Lara e Artur, a fazenda parecia respirar outro tipo de ar. Um ar mais leve, mais comprometido, mais cheio de vida.
Não porque as dificuldades haviam cessado, mas porque todos haviam aprendido a viver apesar delas, e com elas.
Ao longo da varanda, os jasmins floresciam em pleno outono, desafiando os ritmos previsíveis da estação.
Era como se a natureza, em sua silenciosa sabedoria, tivesse compreendido que ali havia algo novo brotando:
Um lar construído em meio ao caos.
Uma família lapidada no improvável.
Gabriel, com seus fones e caderno de desenhos, caminhava descalço entre os canteiros que ajudaram a plantar com Lara.
Cada folha nova era um pequeno símbolo de sua autonomia.
Ele agora falava mais, pouco ainda, é verdade, mas suas palavras, mesmo poucas, carregavam a exatidão da verdade.
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