Lanternas na Névoa
A manhã seguinte chegou envolta em um nevoeiro denso, daqueles que fazem a paisagem parecer suspensa, como um quadro borrado à espera de definição.
A fazenda ainda dormia quando Artur abriu os olhos, sentindo o cheiro úmido da terra e do café fresco vindo da cozinha.
Lara não estava ao seu lado. Ele a encontrou no alpendre, envolta num xale azul, olhando para o campo branco de névoa com uma caneca nas mãos.
— Não consegui dormir direito. Ela confessou, sem virar-se.
— Por causa do meu pai? Ele perguntou, sentando-se ao lado dela.
— Por tudo, na verdade. Por você. Por Gabriel. Pelo centro.
—Mas sim, também por Josué. Estamos todos pisando em algo novo, Artur, e ao mesmo tempo muito frágil.
—Como se o chão tivesse rachaduras invisíveis.
Artur pegou a mão dela com delicadeza.
— E se as rachaduras forem só caminhos para a luz entrar?
Ela sorriu, frágil, mas sincera.
Josué tomava o café da manhã com Clara na sala ao lado. As mãos estavam mais fir