A lua cheia desenhava silhuetas prateadas nas encostas da fazenda. Clara caminhava devagar até o velho estábulo reformado, onde Josué costumava passar parte das noites, sentado com os cavalos, silencioso, envolto em pensamentos que ninguém ousava interromper.
— Trouxe chá de camomila. Disse ela, parando na porta.
Josué ergueu o olhar, surpreso, mas sorriu com ternura.
— Achei que já estivesse dormindo.
— Não consigo. Ela se aproximou, sentando-se ao lado dele.
— Não com tudo isso acontecendo…
Ele aceitou a xícara, as mãos trêmulas, mas ainda fortes o suficiente para envolver as dela por um instante.
— Eu temo esquecer você, Clara. Confessou, baixinho.
— Temo acordar e não reconhecer essa mulher que conheci há quarenta anos.
Ela respirou fundo, a dor apertando o peito.
— E eu temo acordar e descobrir que você desistiu de viver antes que isso aconteça.
Houve silêncio. Só o som do cavalo respirando do outro lado da baia.
E então ela estendeu a mão.
— Mas enquanto você lembrar meu nom