Tentei entrar em seus sonhos.
Não como antes. Não com a intensidade de quem deseja possuir, mas com a delicadeza de quem deseja ser lembrado. Só um toque. Uma memória sussurrada. Algo que fizesse seu coração estremecer por um segundo.
Ela dormia profundamente. Seus traços eram serenos, mas havia uma tensão oculta ali, como se sua alma sentisse a proximidade da minha.
Deslizei por entre as camadas sutis do plano onírico, tentando encontrar a porta certa, o fio que me ligava a ela no tempo esquecido.
Mas então… fui repelido.
Era como bater contra uma parede feita de luz pura. Uma força colossal e antiga, familiar de um jeito que só o ódio sabe nomear.
Ayla começou a se agitar.
Seus braços se moveram, as pálpebras tremularam. Ela gemia baixinho, entre a dor e o vazio. Meu instinto gritou. Era ele.
Hariel.
— Desgraçado…
Sussurrei entre os dentes.
Saí dali antes que o impacto me quebrasse por dentro. Deixei o quarto e fui com a raiva contida até a mata. O céu parecia me ignorar. Nenhuma e