AYLA
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Eu senti. No meu corpo, no meu espírito, nas minhas entranhas. Como se o universo inteiro estivesse prestes a atravessar meu ventre para nascer em forma de esperança. A dor era insuportável, mas diferente de todas as outras que já senti. Não era dor de morte, era dor de nascimento. Uma dor que grita que há algo maior vindo, e que eu sou a passagem.
Azrael segurava minha mão. Seus olhos estavam cheios de medo e ternura. Por um instante, parecia que ele sofria mais do que eu. Como se quisesse tomar para si cada contração, cada lágrima, cada tremor.
— Está vindo.
Sussurrei, entre um gemido e outro, e mesmo em meio ao caos, havia luz em mim.
Mas o mundo lá fora… não estava pronto.
O céu escureceu de repente, e o ar ficou pesado como chumbo. Um silêncio sepulcral se espalhou, não havia mais canto de pássaros, nem sopro de vento, apenas o pressentimento de algo antigo se erguendo.
Azrael se levantou. Eu o vi indo lá fora olhar.
Eles estavam vindo.
Os anjos obsessores. Um exército