Eu a vejo por toda parte agora. Mesmo quando não está perto, Isabela ocupa minha mente de um jeito que nenhuma outra mulher conseguiu antes. Ela é uma distração, mas não daquelas que você ignora. Pelo contrário. Quanto mais eu tento afastá-la dos meus pensamentos, mais ela se infiltra, como se estivesse deixando sua marca em mim.
Talvez seja o jeito dela de andar, meio tímida, como se quisesse passar despercebida. Ou talvez seja o olhar que ela lança para as pessoas, tentando entender o que acontece ao seu redor sem se envolver demais. Mas já é tarde demais para ela. Desde o momento em que nossos caminhos se cruzaram, ela entrou no meu mundo. Hoje, eu a vi de novo. Ela caminhava ao lado da tia, indo para o restaurante. Mesmo de longe, seus movimentos me chamaram a atenção. Isabela tem um jeito diferente das outras mulheres daqui. Ela não busca atenção, mas, ironicamente, isso só faz com que seja impossível não notar sua presença. Fiquei observando por um tempo, encostado na moto, sem pressa. Ela ainda não sabe, mas já está presa nesse jogo. Quando achei que era hora, me aproximei. — Você tem planos para hoje à noite? — perguntei. Ela parou no mesmo instante, surpresa pela minha presença. Seus olhos se arregalaram, como se não soubesse como responder. — Eu… não sei. Por quê? A hesitação dela me fez sorrir de leve. Era engraçado ver como tentava se manter no controle. — Porque você vai sair comigo. — Minha voz saiu firme, sem espaço para discussão. Vi quando ela prendeu a respiração. Isabela não era ingênua. Sabia que eu não era o tipo de cara que aceitava um "não" como resposta. Ela olhou para a tia, talvez esperando alguma reação, mas Rita se manteve em silêncio. — Ok. — respondeu, baixando o olhar. Simples assim. Ela pode até tentar se convencer de que ainda tem escolha, mas no fundo, já entendeu que sua vida mudou. Eu não a quero como qualquer outra mulher. Quero ver até onde ela aguenta, até onde pode ir antes de se render completamente. E uma coisa é certa: ela não faz ideia do que está por vir. (…) Eu não sei como cheguei a esse ponto. Sempre soube que ele era perigoso, que eu devia manter distância. Mas há algo em Lucas que me prende, mesmo quando cada parte racional de mim grita para correr. Ele tem um magnetismo que me sufoca, um olhar que me atravessa e me faz se sentir pequena, vulnerável. Medo e fascínio se misturam dentro de mim, me deixando presa em uma confusão da qual não sei escapar. Hoje, ele disse que queria me ver. Mas Lucas não faz pedidos. Ele dá ordens. No instante em que perguntou se eu tinha planos, já sabia que a única resposta possível era "não". Meu corpo ficou tenso, minha mente girou tentando achar uma saída. Mas, no fundo, eu sabia: não havia como evitar. Passei horas andando de um lado para o outro, tentando encontrar uma desculpa para não ir. Mas como dizer "não" para alguém como ele? Como recusar um homem que se acostumou a ter tudo o que quer? Eu poderia ter tentado, mas sabia que, no final, acabaria cedendo. Quando me vesti, senti como se estivesse me preparando para um julgamento. A roupa parecia estranha, como se não fosse minha. Como se eu tivesse me moldado para um papel que nem sei se quero interpretar. Me olhei no espelho e não me reconheci. Quem era essa garota que se arrumava para ele? O som da moto na frente da casa da minha tia fez meu estômago afundar. Respirei fundo antes de abrir a porta e encará-lo. Lucas estava encostado na moto, cigarro entre os dedos, como se tivesse todo o tempo do mundo. Seu olhar percorreu meu corpo devagar, analisando cada detalhe. — Você tá bonita. — disse, a voz baixa, carregada de uma certeza que me deixou desconfortável. Não era um elogio, era uma constatação. Como se fosse óbvio que eu me vestiria para ele. Tentei sorrir, mas meus lábios tremiam. Ele percebeu. — Vem. — ordenou, virando-se para subir na moto. Minha garganta secou. A rua parecia mais silenciosa do que antes, como se todos estivessem esperando para ver se eu realmente iria. E eu fui. Sentei atrás dele, sentindo o calor do seu corpo, a força dos seus músculos. Ele pegou minha mão e colocou firme ao redor da sua cintura. — Segura direito. Engoli em seco, obedecendo sem questionar. O motor roncou, e a moto arrancou ladeira abaixo. O vento batia contra meu rosto, mas nada conseguia distrair meu coração acelerado. Eu não sabia para onde estava indo. Só sabia que, naquele momento, eu já tinha atravessado a linha entre o que era seguro e o que nunca mais me deixaria ser a mesma.