Eu entrei na boca e o cheiro do pó misturado com fumaça bateu no meu rosto como um soco seco. Era sempre assim, barulho, gente rindo alto, troca de ideia rolando solta, o caos que fazia aquele lugar pulsar. Mas bastou me verem para tudo mudar. As conversas foram diminuindo e os sorrisos começaram a nascer pelos motivos errados. A zoeira estava armada. E eu era o alvo.
Pardal foi o primeiro a abrir a boca, como sempre. Aquele sorriso debochado já dizia tudo antes mesmo da piada sair.
— Olha quem resolveu aparecer... Playboy virou dono de casa agora, é isso? — Ele riu alto, olhando pros lados como se estivesse apresentando um show.
A risada da galera explodiu em resposta. Era o combustível deles. Os gritos vieram em seguida.
— Tá de coleira, hein?
— Perdeu a moral, papai!
— Vai voltar correndo antes que a mulher sinta falta!
Eu fiquei parado, encarando um por um. Não sorri, não reagi. Mas por dentro... o sangue fervia. Era esse tipo de provocação que separava os que mandavam dos