Capítulo 4
Quando ela se mexeu novamente, os olhos dela finalmente se abriram, ainda turvos e confusos. Cael estava ali, deitado ao lado dela, segurando sua mão com firmeza. — Companheiro? — Sua voz estava rouca, baixa, e ela pareceu confusa por um momento. Seus olhos estavam nublados, tentando se ajustar à luz suave do quarto. — Onde estou? Cael sorriu com uma suavidade rara. Ele sabia que o pior já havia passado, mas ele também sabia que a jornada deles estava apenas começando. — Você está em segurança, minha Luna. Em casa. Eu vou cuidar de você. — Sua voz era tranquila, mas havia uma certeza inabalável nela. Aurora tentou sentar-se, mas sua fraqueza fez com que ela desabasse de volta no travesseiro. Cael, imediatamente, a ajudou, ajustando os travesseiros e colocando-a de maneira confortável. Ele permaneceu ao seu lado, agora mais atento do que nunca. — Não tente se levantar ainda. Você precisa descansar. — Ele acariciou sua mão com mais força, desejando transmitir toda a segurança que ele sentia. — Eu estarei aqui o tempo todo. Não vou deixar você sozinha. Ela olhou para ele, seus olhos se suavizando, como se o vínculo entre eles começasse a fazer sentido. A expressão de medo que antes dominava seu rosto agora começava a ceder, dando lugar a algo mais suave, confiança. — Você é meu, mas não sei seu nome... — Ela sussurrou, a voz tão baixa que ele quase não conseguiu ouvir. — Eu... sinto que posso confiar em você. Ele apertou sua mão, o vínculo entre eles mais forte do que qualquer palavra poderia descrever. — Sim, sou seu Cael. Você sempre pode, minha Luna. Eu prometo. Ela assentiu. — Meu nome é Aurora, Cael, eu não sei… — Sim, minha pequena, nosso vínculo me disse. — Cael a interrompeu, acariciou o pequeno rosto de sua companheira com delicadeza. A noite passou tranquila depois disso. Cael, o imbatível Alfa de Ironfang, a fera temida entre todas as matilhas, havia encontrado algo que ele nunca soubera que procurava: alguém que ele desejava proteger com todas as suas forças. Aurora havia sido marcada como sua, e ele faria o impossível para mantê-la segura. Enquanto a noite caía, o vínculo deles crescia, silencioso, mas forte, como a lua cheia que iluminava o céu lá fora. Ele sabia que o caminho à frente seria difícil, mas com ela ao seu lado, ele estava pronto para enfrentar qualquer coisa. *** Aurora dormia mais tranquila agora, o rosto relaxado contra o travesseiro, como se finalmente tivesse encontrado uma trégua para os pesadelos. Cael permanecia ao lado dela, deitado parcialmente sobre o colchão, uma das mãos segurando a dela e a outra apoiada na cabeça, observando-a com intensidade silenciosa. Não havia dormido. Não conseguia. Seu lobo permanecia em estado de alerta, cada fibra do seu ser focada nela. A sensação de tê-la tão perto era ao mesmo tempo reconfortante e avassaladora. Mas o momento de paz foi interrompido por batidas firmes na porta. Cael rosnou baixinho, instintivamente, sem se mover de onde estava. Aurora se mexeu levemente, murmurando algo que ele não entendeu, mas não acordou. Com cuidado, soltou sua mão e levantou-se, movendo-se até a porta com a graça silenciosa de um predador. — O que foi? — perguntou em voz baixa, a fim de não acordá-la. Do outro lado, a voz de Jared veio em tom urgente: — Precisamos de você, Alfa. O conselho da matilha já está reunido. Temos informações sobre o ataque à nossa patrulha. Cael rangeu os dentes, a mandíbula se contraindo. Ele sabia que não poderia adiar aquilo. O ataque do qual Jared falava havia acontecido enquanto ele cuidava de Aurora, um confronto repentino com batedores da matilha rival, sem aviso prévio. Os feridos ainda estavam sendo tratados. O cheiro de sangue ainda impregnava o ar dos corredores da ala médica. — Espere que já estou indo — respondeu Cael com firmeza. Fechando a porta com cuidado, voltou até a cama. Aurora continuava adormecida, mas o vínculo que ainda não havia sido consumado, lhe dizia que ela começaria a despertar em breve. Ele se ajoelhou ao lado dela, roçando os dedos com suavidade em sua bochecha, murmurando: — Eu volto logo, minha Luna. Jared vai ficar por perto. Você está segura aqui. Ela não respondeu, mas sua respiração se alterou por um momento, como se sentisse a ausência dele antes mesmo de abrir os olhos. Aquilo apertou o peito de Cael de um jeito que ele não estava preparado para lidar. Mas ele precisava ir. Sua matilha precisava dele. Com um último olhar, ele deixou o quarto O salão do conselho estava com os ânimos quentes. Os betas e líderes das casas principais da matilha de Ironfang ocupavam seus lugares ao redor da mesa circular, aguardando a chegada de seu Alfa. Assim que Cael entrou, todos se levantaram em respeito. Sua presença preenchia o ambiente como uma imponência silenciosa, poderosa, implacável. — Sentem-se — disse ele com voz baixa, mas firme, e todos obedeceram de imediato. Um dos líderes foi o primeiro a falar, projetando um holograma sobre a mesa com imagens da patrulha destruída. Havia sangue, marcas de garras, destroços. Dois dos guerreiros mais jovens haviam morrido. Três estavam feridos. — Eles usaram armadilhas. Farpas com veneno de prata. Alguém os guiou diretamente à nossa patrulha, como se soubessem exatamente onde estariam. Não foi coincidência. — Ele olhou nos olhos do Alfa. — Isso tem o cheiro de Lucian por toda parte. Um rosnado baixo ecoou do peito de Cael. O nome bastava para que sua fera se agitasse. Lucian, Alfa da matilha Blackclow, era mais que um rival: era o responsável pelo estado de Aurora. Ela fugia dele. E agora, ele ousava cruzar suas fronteiras. — Eles estão testando nossas defesas. Isso não foi apenas um ataque. Foi um aviso — disse Thorne, um dos generais veteranos da matilha. — Estão sondando, provocando. Cael assentiu. Tudo fazia sentido. Lucian queria Aurora de volta e estava disposto a provocar guerra por isso.