Verena
Eu estava imersa nas páginas do meu livro. Meu quarto era meu refúgio diário, onde eu podia escapar da minha realidade, da minha vida triste que parecia insuportável todos os dias. Mas, naquele exato momento, duas batidas na porta me fizeram parar de ler, levantar os olhos do livro e fixar o olhar na porta.
— Verena... Soou a voz cautelosa do meu pai. Vi a sua cabeça espreitar lentamente para fora, como se estivesse com medo de mim. Não nos falávamos há dias depois que ele trouxe a esposa para cá, a quem eu não tolero e não suporto ver, porque cada vez que a vejo, os odeio ainda mais.
Amara, por outro lado, é tão inocente quanto eu neste jogo macabro. Ela tentou se aproximar. Não é culpa dela, mas eu construí um muro invisível que não permite que ninguém se aproxime.
Uma onda de raiva me percorreu quando vi o meu pai. Fechei o livro com força, o som ecoando no quarto como uma declaração silenciosa de guerra.
Ele entrou, fechando a porta tão devagar quanto costumava espiar. O me