Eu ainda não fazia ideia do que tinha acontecido comigo. Tudo foi tão repentino que parece até mentira. Ele mudou de humor como quem apaga e acende uma luz. Primeiro me deu aquela missão quase impossível, me jogando no meio do fogo, esperando que eu sorrisse enquanto queimava. Eu tive que fazer do limão uma limonada – sendo bem honesta, nem suco aquele limão tinha. Eu espremei o que pude, mas o azedo ficou.
E aí, sem aviso, ele muda de novo. Suave. Gentil. Ou fingindo ser. Me manda pra casa. Mas não satisfeito, me prende no elevador. E foi ali que tudo aconteceu.
Eu lembro perfeitamente. Aquele espaço minúsculo parecia encolher ainda mais cada vez que ele chegava mais perto. A luz branca tremeluzia, como se fosse cúmplice de algo sujo. Ele falava, mas não era só o que ele dizia. Era o jeito. Era o tom. As palavras carregadas de algo proibido. Eu senti. Deus, eu senti mesmo. Aquele desejo queimando na pele, arrepiando cada canto do meu corpo.
Os olhos dele... pretos, profundos, como se