Eu não sei o que deu em mim. Só sei que, quando olhei aquela cena — ela, praticamente se jogando pra cima dele, como se o mundo girasse ao redor do seu cabelo perfeitamente arrumado —, algo dentro de mim ferveu. Raiva? Ciúmes? Não, não podia ser isso... ou podia?
O fato é que eu não pensei duas vezes. Peguei meu caderninho, respirei fundo e fui até lá, interrompendo o teatro barato com a maior paz de espírito que consegui fingir.
Ela me lançou um olhar afiado, daqueles que, se pudesse, me degolava ali mesmo com as unhas feitas. Mas eu não estava nem aí. Porque, naquele momento, minha intenção era clara: ela não podia — de jeito nenhum — estar ali, em cima daquele mar de mentiras.
E não porque eu sou a noiva de aluguel dele. Não porque estou fingindo um amor que não existe, prestes a casar com um homem que nem sabe que tudo isso é um plano por causa de uma dívida absurda de 200 mil dólares.
Mas porque... ele não merecia aquilo. Não merecia ela. E, Deus me perdoe, talvez não mereça nem