Depois da cena na cozinha, Daphne estava em alerta máximo. O pensamento martelava: Será que ele ouviu tudo? Será que agora ele está desconfiado de mim?
Uma assistente que, com menos de uma semana de trabalho, já estava dizendo coisas completamente sem noção sobre o próprio chefe? Aquilo era o pesadelo profissional de qualquer um.
A vergonha queimava só de lembrar das palavras, da forma atrapalhada como falou, do jeito como se enrolou toda… E o pior: na cara dele!
Dentro do carro, ela quase se fundiu ao banco de tão encolhida. Fixou o olhar na janela, fingindo um interesse profundo por qualquer coisa que estivesse lá fora. Só não teve coragem de olhar o retrovisor. Sabia que ele estava ali. Observando. Provavelmente analisando cada movimento dela como se fosse um relatório de desempenho.
Ao chegar na empresa, o silêncio entre os dois continuou. Daphne desceu do carro e o acompanhou, engolindo a seco, como se até respirar fosse perigoso naquela situação. Trazia o caderninho de anotações