Alexander levou a xícara devagar até a mesa de vidro ao lado da poltrona, com dedos trêmulos e precisos, como quem realiza um ritual antigo. Não disse sequer uma palavra. O som seco da porcelana contra o tampo ressoou pela sala como um sino fúnebre, começando não só uma conversa, mas uma era inteira, talvez até um laço novo.
Ele passou a mão pelos cabelos grisalhos com um gesto lento, automático, como se apagasse migalhas de lembranças que insistiam em permanecer. Seus olhos, outrora firmes como granito, estavam agora marejados. Havia neles uma relutância entre a dignidade e a confissão, como se todo o peso do tempo lhe escorresse pelas lágrimas que tentava conter.
A autoridade que sempre o envolveu, tão presente nos gestos e na postura ereta, parecia naquele instante trincada. Não por fraqueza, mas por um tipo de culpa ancestral, daquelas que não se aprendem, mas que se herdam e se escondem atrás de silêncios prolongados.
— Eu tentei manter em segredo. — disse por fim, com a voz rou