Ele respirou profundamente, o ar entrando como uma onda e saindo como um suspiro lento e carregado. O distante cheiro salgado do mar parecia se prender às narinas, e o calor úmido da tarde colava à pele como lembranças difíceis de tirar. O som ritmado das ondas quebrando nas pedras próximas misturava-se ao canto esporádico das gaivotas, criando uma trilha sonora melancólica para aquele momento suspenso no tempo.

Seus olhos estavam semicerrados, como se o sol não apenas o cegasse, mas também tentasse esconder a dor que insistia em transbordar. O vento brincava com os fios soltos de seu cabelo, e por um instante, ele pareceu se perder em memórias que não queria revisitar.

— Aghata... o meu pai é viúvo — disse, com a voz rouca, como se cada palavra precisasse ser puxada de um lugar profundo e esquecido, onde a dor ainda morava.

Ela o olhou com atenção, os olhos azuis refletindo a luz dourada do dia, mas não disse nada. Apenas esperou.

— Há poucos anos atrás, ele perdeu a esposa para uma