A casa estava silenciosa depois da ligação. Rangel, estava deitado na cama, sentia a sensação familiar de impotência crescer como uma sombra.
Verbalmente, ele havia dito que estava ali para o que precisasse. Mas as palavras, naquele momento, pareciam pequenas demais diante do choro da mulher que ele deveria ajudar e do filho, que respirava ao lado de uma mãe exausta numa casa cheia de fumaça. Enquanto trocava mensagens com Tayanara, tentando acalmá-la, o desconforto era visível. Ela dizia que estava tudo sob controle, mas ele lia nas entrelinhas: o tremor nas palavras, a rapidez das respostas, os pedidos contidos que não cabiam no texto. Foi então que decidiu levantar. Com movimentos ainda não tão fáceis, colocou uma calça de moletom, tênis e uma blusa por cima da camiseta. Usou o andador, não havia tempo nem paciência para ele pedir para alguém ir levá-lo. Chamou um Uber pelo aplicativo, com dedos trêmulos. Quando o moto