APRIL
— Maria Eduarda, onde está minha menininha?! — A voz do meu padrinho ecoa pelo hospital, carregada de desespero. Ele chega apressado, os olhos arregalados, a respiração ofegante. Provavelmente, minha mãe ligou para ele dizendo que eu estava à beira da morte.
— Dindoo! — Corro até ele e o abraço com força, como se precisasse daquele contato para me manter de pé.
O abraço dele é esmagador. Por um instante, me falta o ar, mas eu não me importo. O cheiro dele me traz conforto, segurança.
— Graças a Deus! Sua mãe disse que você estava no meio de uma guerra e chegou ao hospital desmaiada, sem forças!
— Mais ou menos isso... — minha voz sai fraca, ainda recuperando o fôlego.
Ele me solta apenas o suficiente para me encarar. Seus olhos correm pelo meu corpo, escaneando cada detalhe até se fixarem no sangue seco que cobre minhas roupas.
— Que sangue todo é esse? Você está ferida?
— Não é meu, dindo.
Ele franze o cenho. Mesmo sentindo o cheiro e sabendo que o sangue não é meu, seu nervosi