O silêncio da casa segura parecia mais pesado do que nunca. Mariana andava de um lado para o outro na pequena sala, os braços cruzados sobre a barriga, como se pudesse proteger o bebê do que ela mesma não conseguia enfrentar. O relógio na parede marcava 3h17 da manhã. Ela havia perdido as contas de quantas vezes olhara para ele, como se o tempo fosse trazer respostas. Mas tudo o que ele oferecia era o som seco dos ponteiros avançando.
Enzo dormia no quarto ao lado, mas até o sono dele parecia inquieto. A ausência do Rei, tão repentina e carregada de silêncio, a sufocava. Desde que ele saíra no fim da tarde anterior, ninguém dera uma informação concreta. Tavinho, que fazia a segurança principal do lugar, limitava-se a dizer que "ele sabia se cuidar". Tuca apenas a olhava com pena quando ela perguntava algo. E os olhares trocados entre os vapores que entravam e saíam da casa eram como facas invisíveis no peito dela.
O bebê se mexeu de novo, forte, como se sentisse o coração acelerad