Mary acordou com o sol pálido filtrando-se pelas cortinas, seus olhos fixos em Lucy, que dormia encolhida. Fazia anos que não a via assim, tão frágil, tão inocente. A culpa a consumia. Ela é só uma menina, pensou, o coração apertado. Bethany dera a Lucy dois anos para enfrentar algo que levara Dick 19 anos para entender — e que custara sua vida. Mary sabia que não podia protegê-la, apenas assistir à sua luta, como assistira à de Dick.
Levantou-se em silêncio, o peso da noite anterior ainda sobre ela. Subiu ao sótão, onde uma adega particular guardava garrafas empoeiradas. Pegou um uísque e caminhou até o topo do castelo, a vista de Cameron se estendendo abaixo. Tomou um gole, o líquido queimando sua garganta. Seria tão mais fácil se eu caísse, pensou, olhando a beirada.
— Não! — A voz ecoou, familiar e dolorosa. Mary sorriu, amarga. Era a voz de Dick, sempre aparecendo quando ela estava no fundo do poço, entre a sanidade e a loucura. — Não faça isso, Mary. Ela precisa de você.
— Não,