A noite chegou com promessas vazias de descanso.
Valentina tentou dormir, de verdade. Virou de lado. Depois pro outro. Fechou os olhos. Contou os segundos marcados pelo relógio na parede. Mas o sono não veio.
A mão latejava, o corpo pedia trégua, e a mente… a mente insistia em girar. Heitor cuidando dela. A voz do pai. A mensagem de Nêmesis.
O olhar de Heitor.
Sempre o olhar dele.
Por fim, quando o quarto pareceu pequeno demais para conter tudo o que sentia, levantou-se. Vestiu um roupão por cima da camisola de alça fina e foi até a cozinha.
A penumbra do apartamento a envolveu com certo acolhimento. Gostava do silêncio da madrugada, da maneira como o mundo parecia suspenso, longe da cobrança, do nome da família, da pressão.
Ela acendeu apenas a luz do forno e caminhou devagar, os pés descalços no piso frio.
Foi quando o viu.
No sofá da sala. Deitado de lado. Respiração profunda.
Heitor.
Valentina parou.
Ele dormia no sofá dela. Como se fosse o lugar mais natural do mundo.
Uma part