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Capítulo 2 — O quarto e o silêncio

Alerrandro entrou no quarto com passos pesados, como se cada movimento fosse uma tentativa de escapar da conversa que acabara de ter com Lorena. A porta se fechou atrás dele com um leve estalo, abafando os sons da sala. O ambiente estava escuro, iluminado apenas pela luz suave que vinha da sala, filtrada pelas cortinas de linho. Ele soltou os papéis sobre a cômoda, tirou a camisa com um gesto impaciente e passou a mão pelos cabelos claros, bagunçando-os como quem tenta desalojar pensamentos indesejados.

O quarto, amplo e elegante, parecia frio naquela noite. A cama arrumada, os lençóis impecáveis, o perfume discreto de Lorena ainda pairando no ar. Alerrandro caminhou até a janela, abriu uma fresta e deixou o vento entrar, como se o ar fresco pudesse acalmar o turbilhão que se formava dentro dele.

— Porque não consigo amar ela?... Ela parece tão... tão vazia por dentro. — Disse para si mesmo.

Ele se sentou na beira da cama, os cotovelos apoiados nas coxas, o olhar perdido no chão. A frase dela ecoava em sua mente: “Eu queria que você me visse... não como parte de um acordo, mas como mulher.” Por mais que tentasse ignorar, algo nela havia mudado. Ela não era mais apenas a filha de Marcus. Havia desejo nos olhos dela. Havia dor. Havia fogo. Mas havia outra coisa em Lorena... algo que Alerrandro ainda não sabia.

Minutos depois, a porta se abriu lentamente. Lorena entrou sem dizer uma palavra. O robe de seda ainda envolvia seu corpo, mas agora estava entreaberto, revelando a pele quente e o contorno dos seios. Ela caminhou até ele com passos lentos, quase silenciosos, como se o chão não ousasse interromper o momento.

Alerrandro ergueu os olhos e a encarou. O olhar dele, antes frio, agora oscilava entre resistência e desejo. Ela parou diante dele, os olhos castanhos fixos nos seus, e soltou a faixa do robe, deixando-o cair suavemente pelos ombros. O tecido deslizou até o chão, revelando um corpo que não pedia permissão, apenas presença.

— Você pode continuar fingindo que não sente nada... — disse ela, com a voz baixa, quase como um feitiço. — Mas eu vejo nos seus olhos. Você me deseja, Alerrandro. Mesmo que não queira admitir.

Ele se levantou devagar, o corpo tenso, os músculos contraídos. Ficaram frente a frente, tão próximos que o calor entre eles parecia pulsar. Alerrandro tocou o rosto dela com a ponta dos dedos, como se testasse a realidade. Ela fechou os olhos, sentindo o toque, e levou a mão ao peito dele, sentindo o coração acelerado.

— Isso não muda nada. — murmurou ele, com a voz rouca. — Isso é apenas um contrato. Nada a mais. Eu não te amo, Lorena.

Mas naquele instante, as palavras perderam força. Lorena se aproximou, lenta como uma promessa, os olhos castanhos fixos nos dele, brilhando com desejo e desafio. Seus lábios tocaram os de Alerrandro com suavidade, como quem testa limites. Era um beijo que não pedia permissão, provocava, exigia resposta. Ele hesitou, os olhos semicerrados, sentindo o calor da respiração dela misturar-se à sua. Mas não recuou.

O beijo se aprofundou, carregado de tensão e urgência contida. As mãos de Alerrandro deslizaram pela cintura dela, firmes, mas cuidadosas, como se cada toque fosse uma confissão silenciosa. Os dedos percorreram as costas nuas sob o robe, e Lorena suspirou, encostando o corpo ao dele com mais firmeza. Seus seios roçaram o peito dele, e o calor entre os dois se tornou quase insuportável. A respiração de ambos se acelerava, entrecortada, como se o ar estivesse carregado demais para ser contido.

A luz da varanda desenhava sombras sobre os corpos entrelaçados, e o vento que entrava pela janela agitava as cortinas como testemunhas silenciosas. O perfume de Lorena pairava no ar, doce, provocante, inebriante.

Mas então, Alerrandro interrompeu o momento. Ele afastou o rosto com um movimento lento, como quem se arranca de um sonho. Seus olhos verdes estavam turvos, cheios de conflito. Ele tocou o rosto dela com a ponta dos dedos, e sua voz saiu baixa, firme, com uma mistura de tristeza e cuidado:

— Acho melhor a gente parar por aqui...

Lorena franziu o cenho, surpresa. O corpo ainda colado ao dele, os lábios ainda úmidos do beijo, mas o olhar agora carregado de mágoa e fúria.

— Eu não quero usar você... — continuou ele, desviando o olhar. — Não há amor, e acredito que nunca haverá. Eu não sei... Mas tem algo em você...

Ela se afastou com um movimento brusco, como se o toque dele agora queimasse. Os olhos castanhos se tornaram duros, e ela cruzou os braços, o robe ainda entreaberto, revelando a pele que ele acabara de tocar.

— Me usar? Leonardo, eu sou sua esposa! — disse ela, com a voz cortante. — Mas tudo bem... Se você quer assim. Vou lhe mostrar do que sou capaz. Muitos me desejam, Alerrandro.

Ela o olhou de cima a baixo, com um olhar que misturava desprezo e provocação. Caminhou até o guarda-roupa com passos firmes, abriu a porta com força e puxou um vestido vermelho, decotado, de tecido justo e provocante. Jogou o robe sobre a cama e começou a se vestir com movimentos rápidos, quase teatrais.

Alerrandro a observava em silêncio, o maxilar travado, os punhos cerrados. O vestido moldava o corpo dela como uma segunda pele. Ela calçou um salto alto preto, pegou um par de brincos brilhantes e os colocou com elegância. Depois, sentou-se diante do espelho e começou a se maquiar com precisão, olhos marcados, lábios vermelhos, expressão determinada.

— Para onde você vai? — perguntou ele, finalmente, com a voz tensa. A preocupação transbordava, mesmo que tentasse disfarçar. — Já está tarde. São dez da noite.

Ela borrifou perfume no pescoço, nos pulsos, entre os seios. O aroma invadiu o quarto, doce e provocador. Lorena virou-se para ele, com um sorriso frio nos lábios:

— Vou sair, Alerrandro.

Ela caminhou até a porta com passos decididos. Ele se levantou de súbito, vestindo a camisa branca com pressa, os botões ainda abertos, e correu atrás dela.

— Para com isso, Lorena! — exclamou, tentando alcançá-la.

Mas ela já estava dentro do carro. O motor rugiu, e Alerrandro reconheceu o som: era o carro dele. Ela havia levado o veículo sem avisar.

— Droga! Para onde essa mulher vai!?

Ele pegou o celular e ligou para o motorista. Apesar de gostar de dirigir, sabia que precisava agir rápido. Quando o carro chegou, ele entrou com pressa, os olhos atentos à rua.

— Siga naquela direção. Rápido.

Minutos depois, pediu para parar em uma rua movimentada. Desceu do carro com raiva, bateu a mão na janela com força e exclamou:

— Onde está ela!?

Mas então, seus olhos captaram uma figura familiar entrando em um hotel de luxo. O vestido vermelho, o salto, o andar firme. Era ela. A expressão de Alerrandro mudou. Ele andou rapidamente, atravessou a entrada do hotel com passos largos e entrou no saguão.

O ambiente estava iluminado, elegante, cheio de vozes abafadas e perfumes caros. Ele caminhou com os olhos atentos, o coração acelerado, os punhos cerrados. E então, parou.

Ali, diante dele, estava uma mulher sorridente, com um vestido simples, segurando uma bandeja de café nas mãos. Conversava com uma senhora idosa, com gentileza e leveza. O sorriso dela era diferente. O olhar, mais suave.

Alerrandro se aproximou com passos lentos, os olhos fixos, o corpo tenso. Pegou no braço da moça com firmeza, e disse, com a voz grave e carregada de emoção:

— O que pensa que está fazendo!? Vamos para casa agora mesmo.

A jovem olhou para ele, surpresa, os olhos arregalados. A bandeja tremeu em suas mãos. A senhora ao lado franziu o cenho, preocupada.

Alerrandro a encarou, os olhos verdes mergulhados nos dela. A respiração pesada, o coração batendo como um tambor.

— Quem é você?... — perguntou.

A tensão pairou no ar. O tempo pareceu parar.

E então, silêncio.

Alguns segundos depois ele disse, com a voz firme:

— Não fale besteiras, Lorena! — Resmungou, segurando o braço da moça, sem força. — Você sabe exatamente quem eu sou. Apenas está tentando me tirar do sério!...

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