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A gêmea errada do CEO
A gêmea errada do CEO
Por: Lira
Capítulo 1 — Apenas um contrato

Sentado sobre o sofá de couro escuro, Alerrandro Vasconcellos mantinha a postura rígida, com os cotovelos apoiados nos joelhos e os dedos entrelaçados, sustentando o peso da própria cabeça. Diante dele, uma pilha de documentos da empresa se espalhava sobre a mesa de centro, alguns com anotações à caneta, outros ainda intactos. A luz amarelada do abajur ao lado projetava sombras suaves em seu rosto, revelando as marcas de cansaço que se acumulavam sob seus olhos verdes, intensos e analíticos. Ele os movia lentamente, linha por linha, como se cada palavra pudesse decidir o futuro da Vasconcellos Engenharia.

Seu semblante, esculpido com precisão quase artística, estava tenso. A mandíbula cerrada denunciava a pressão que sentia, e o leve franzir da testa mostrava que sua mente não descansava. O silêncio da sala era quebrado apenas pelo som do relógio na parede e pelo ocasional virar de páginas.

Do corredor, passos suaves se aproximavam. Lorena Duarte surgiu, envolta por um robe de seda vinho que deslizava sobre sua pele como uma segunda camada. Seus cabelos soltos caíam em ondas sobre os ombros, e seus olhos, grandes, castanhos e cheios de desejo, encontraram Alerrandro com uma mistura de saudade e frustração. Ela parou por um instante, observando-o em silêncio, como quem tenta decifrar um enigma que se recusa a ser resolvido.

— Já está tarde... — disse ela, com a voz baixa e aveludada, quase como um sussurro que tentava atravessar a barreira de concentração dele. — Vem para cama. Estou sentindo sua falta.

Ela se aproximou devagar, contornando o sofá com passos delicados. Suas mãos tocaram os ombros dele com suavidade, os dedos deslizando pela camisa social amassada. Em seguida, inclinou-se e depositou um beijo leve em seu pescoço, seguido de um cheiro demorado, como se quisesse gravar aquele momento em sua memória.

Alerrandro não se moveu. Apenas soltou um suspiro contido e respondeu com a voz firme, sem desviar os olhos dos papéis:

— Agora estou ocupado. Não me atrapalhe, Lorena.

Ela recuou um pouco, ferida pela indiferença. Seus olhos se estreitaram, e os lábios se comprimiram num misto de dor e indignação.

— Ocupado!? — repetiu, com um tom mais agudo. — Quanto tempo faz que não passamos uma noite juntos como um casal? Você não pode continuar me evitando dessa forma.

Alerrandro finalmente ergueu o olhar. Seus olhos verdes encontraram os dela com intensidade, mas sem ternura. Ele largou a caneta sobre a mesa com um gesto seco e se recostou no sofá, cruzando os braços.

— O que será que o Sr. Marcus vai achar quando descobrir que o filho de seu melhor amigo está desprezando sua filha? — provocou ela, tentando tocar o ponto mais sensível.

— Não envolva o Sr. Marcus em nossos problemas, Lorena. — respondeu ele, agora com o rosto voltado totalmente para ela. Sua expressão era séria, mas havia um traço de cansaço nos olhos. — Você sabe que eu nunca quis esse casamento. Foi um acordo. Um negócio entre meu pai e o seu.

Ela se afastou, como se tivesse levado um golpe invisível. Caminhou até o aparador, pegou uma taça de vinho que havia deixado ali mais cedo e a segurou com força, como se o cristal pudesse conter sua raiva. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas ela não deixou que caíssem. Em vez disso, virou-se de costas para ele, tentando recuperar a compostura.

Alerrandro observou o robe escorregar levemente pelo ombro dela, revelando parte da pele. Por um breve instante, sua expressão se suavizou, mas logo voltou ao estado anterior. Ele pegou um dos contratos sobre a mesa e o folheou, como se quisesse se esconder atrás das palavras impressas.

Lorena, ainda de costas, levou a taça aos lábios e murmurou, quase inaudível:

— Eu queria que você me visse... não como parte de um acordo, mas como mulher.

— Impossível, Lorena. — murmurou, virando-se para ela e em seguida, voltando o olhar para os papéis novamente.

Alerrandro Vasconcellos, era um homem de presença marcante. Aos 25 anos, carregava nos ombros a responsabilidade de uma empresa que seu pai havia erguido com esforço e visão. Alto, de porte elegante, cabelos claros sempre bem penteados e olhos verdes que pareciam enxergar além das aparências, ele era admirado por muitos, não apenas pela beleza, mas pela inteligência estratégica e pela frieza calculada que o tornava um líder nato.

Seu pai, Augusto Vasconcellos, sempre acreditou no potencial do filho. Desde cedo, o preparou para assumir o comando da Vasconcellos Engenharia, uma das maiores do setor. Quando Augusto sofreu um infarto fulminante, Alerrandro foi alçado ao topo, tornando-se o presidente da empresa com apenas 24 anos. A transição foi rápida, e o mercado observava com atenção cada passo do jovem executivo.

Mas havia uma sombra pairando sobre o império: a empresa de Marcus Duarte, pai de Lorena, enfrentava dificuldades financeiras. Marcus, velho amigo de Augusto, viu na união entre os filhos uma oportunidade de salvar sua companhia e fortalecer os laços entre as famílias. A proposta surgiu em uma conversa reservada, dias após o funeral de Augusto.

Alerrandro não foi obrigado a aceitar. Marcus foi direto, mas respeitoso. O jovem ouviu tudo em silêncio, os olhos fixos na janela do escritório, onde a cidade se estendia como um tabuleiro de possibilidades. Ele pensou no legado do pai, no peso da confiança que lhe fora depositada, e na promessa silenciosa de manter tudo em pé.

— Se é isso que meu pai teria feito... — disse Alerrandro, após alguns minutos de reflexão. — Eu aceito. Mas que fique claro: eu nunca vou amar Lorena. Isso é apenas um contrato. Nada a mais.

O acordo foi firmado: um casamento de cinco anos, tempo suficiente para estabilizar as empresas e consolidar a fusão. Para Alerrandro, cinco anos pareciam uma eternidade. Ele sabia que não seria fácil conviver com alguém que não escolheu, ainda mais alguém como Lorena.

Ela, por sua vez, não demonstrou resistência. Quando Marcus conversou com ela sobre o casamento, Lorena apenas assentiu com um aceno discreto. Fria, reservada, sempre elegante, ela não se opôs à ideia do pai. Talvez por lealdade, talvez por conveniência. Nunca revelou seus verdadeiros sentimentos sobre a união.

E assim, o casamento aconteceu. Sem festa, sem emoção. Apenas um jantar formal entre famílias e uma assinatura em papéis que selavam mais do que uma aliança: selavam um destino.

Um ano se passou desde então. Alerrandro tentou, em algum momento, encontrar algo em Lorena que o tocasse. Mas não conseguiu. Ela era bela, sim, mas distante. E ele, por mais que tentasse manter a cordialidade, não conseguia fingir o que não sentia. A cada dia, a convivência se tornava mais silenciosa, mais fria, mais mecânica.

Naquela noite, enquanto ela murmurava seu desejo de ser vista como mulher, e não como parte de um acordo, Alerrandro apenas abaixou os olhos para os papéis novamente. O coração dele não se movia. A mente, sim: sempre em alerta, sempre calculando.

E então, como se reafirmasse para si mesmo, ele sussurrou:

— Isso é apenas um contrato. Nada mais.

Alerrandro se levantou e caminhou em direção ao seu quarto, deixando Lorena para trás.

Lorena o observou, torcendo o pescoço com raiva, e resmungou para si mesma:

— Já que você não me quer... vou sair esta noite e me divertir. Ah... Alerrandro meu querido Alerrandro... Espere para ver.

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