Do desespero ao abrigo

Cecília permaneceu imóvel por alguns segundos, como se o chão tivesse desaparecido sob seus pés. As palavras de Dona Marta ainda ecoavam em sua mente: “Você está demitida.”

Ela tentou respirar fundo, mas o ar parecia preso no peito.

— Mas… Dona Marta, por favor, eu preciso desse trabalho. — A voz saiu trêmula, quase um sussurro. — Eu nunca deixei de cumprir minhas funções, nunca faltei sem avisar. O que aconteceu ontem foi uma exceção…

A mulher à sua frente, de postura sempre elegante, balançou a cabeça com pesar.

— Eu sei, Cecília. — suspirou. — Você sempre foi dedicada, mas não posso me dar ao luxo de ignorar isso. O bar tem uma reputação a zelar. Os clientes não querem ver confusões familiares aqui dentro.

— Eu entendo, mas… — os olhos de Cecília marejaram, ela se inclinou sobre a mesa, implorando. — Eu só preciso de mais uma chance. Eu juro que não vai acontecer de novo.

Dona Marta manteve a firmeza, embora a expressão revelasse certo desconforto diante do desespero da funcionária
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