Theodoro Lancaster
Sentamos do lado de fora do McDonald’s, onde o calor da noite ainda abraçava a cidade, mas uma brisa fresca vinda do mar trazia o cheiro de sal misturado ao de batata frita. As luzes dos postes começavam a se acender uma a uma, lançando um brilho alaranjado sobre as calçadas úmidas da orla. O céu, em tons de azul escuro e rosa envelhecido, parecia uma pintura em aquarela que alguém esquecia de terminar.
Gamora, sentada em sua cadeira de plástico vermelho, com os pés balançando no ar, tinha os olhos arregalados como se aquele momento fosse uma missão secreta. Ela abriu a caixinha do McLanche Feliz com um cuidado quase cerimonial, os dedinhos gorduchos deslizando pela tampa com solenidade. Quando tirou o brinquedo de dentro — um bonequinho do Tom e Jerry — franziu o cenho com tanta concentração que parecia estar julgando uma obra de arte moderna.
— Ele é fofo… — declarou, girando o bonequinho entre os dedos. — Mas eu vou falar pro moço do caixa que seria mais legal se