Theodoro Lancaster

A caminho do hotel, o silêncio que reinava no carro não era desconfortável. Era denso. Quente. Um silêncio carregado de significados, daqueles que dizem mais do que qualquer palavra dita às pressas.

Gamora dormia profundamente no meu colo, os cabelos levemente úmidos na raiz de tanto que ela correu, ainda com cheirinho de mar, os cílios longos descansando sobre as bochechas rosadas. Ela segurava firme o brinquedo do McLanche Feliz, como se fosse um tesouro.

Leydi estava ao meu lado no banco traseiro, a cabeça apoiada no vidro, observando a cidade passar, as luzes do Rio refletindo nos olhos dela como se ali também estivessem mil pensamentos. Os dedos dela estavam próximos dos meus, mas não se tocavam. A pele dela, ainda com cheiro de maresia e perfume floral, parecia me puxar para mais perto, mas segurei.

Pelo menos por agora.

— Ela é… inacreditável, não é? — arrisquei, baixando o tom da voz para não acordar Gamora.

Leydi desviou o olhar da janela e me encarou com u