Leydi Dayane
O trânsito na Rebouças parecia uma piada de mau gosto. Um mar de buzinas, paciência evaporando no ar quente e uma fila de carros que não andava nem sob ameaça. Sentei-me no banco do carro de Theodoro Lancaster como quem vai para a forca, só que com ar-condicionado e bancos de couro.
Ele dirigia com a cara de quem preferia estar arrancando os próprios dentes sem anestesia. Um silêncio desconfortável preenchia o carro, e eu sentia o cheiro do constrangimento flutuando entre nós como um incenso invisível. Eu devia ficar calada, né? E fiquei, Mas aparentemente Theodoro parecia a fim de deixar o meu dia um pouco mais azedo.
— E aí... você sempre faz esse show ou eu sou um sortudo exclusivo? — ele soltou, finalmente, com aquela voz que já vinha com um manual de arrogância incluso.
Revirei os olhos sem pudor.
— Só quando sou atropelada antes da entrevista e ainda assim resolvo encarar o chefe carrancudo com dignidade. Performance limitada a ocasiões especiais.
Ele me lançou um o