De cabeça cheia

Theodoro Lancaster

A sala de reuniões estava impecável. Um dos salões executivos mais luxuosos da empresa parceira, com paredes revestidas em madeira escura, janelas de vidro do chão ao teto e a vista da orla do Rio de Janeiro entrando como um quadro vivo e deslumbrante.

À mesa, homens engravatados. Pastas abertas, laptops silenciosos, taças de água mineral sem gás e palavras trocadas como se cada sílaba valesse cem mil reais.

Mas eu não estava ali.

Meu corpo, sim — alinhado, rígido, dentro de um blazer impecável, com a pasta à minha frente e a caneta repousando entre os dedos. Mas minha mente… minha mente estava a mil quilômetros de distância. E a cinco anos no passado.

Num bar suado de São Paulo, abafado, com cheiro de cerveja quente e som de banda cover dos Raimundos explodindo nos alto-falantes. “Eu Quero Ver o Oco” vibrava no peito. Camisa preta, mangas dobradas, cabelo mais curto, olhos perdidos, só querendo esquecer do mundo por uma noite. Um copo na mão. Nenhum plano na cabeça
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