Theodoro Lancaster
Arthur entrou no banco da frente sem dizer uma palavra. Leydi, ao meu lado, com as mãos repousadas nos joelhos, também em silêncio. O motorista deu partida, e o clima no carro era denso, sufocante. Dava pra ouvir o som distante das buzinas, a música instrumental baixa vinda do rádio… mas o que realmente se impunha ali era o silêncio ensurdecedor do meu pai.
— Se quiser falar alguma coisa, fala logo. — resmunguei, ainda olhando pela janela.
— Ah, eu vou falar. — ele se virou no banco, me encarando. — O que foi aquilo, Theodoro? Você estava ali, mas parecia em outro continente.
— Foda-se.
— O quê? — ele arqueou as sobrancelhas.
— Isso mesmo que ouviu. Foda-se, pai. Eu tô tentando lidar com... com coisas demais! — minha voz já subia antes mesmo de eu perceber.
— “Coisas demais”? Você tem ideia do que estava em jogo? Aquela reunião representava meses de negociação. E você estava lá como um adolescente que levou um fora da namorada.
— Eu não pedi para ser jogado nessa vi