O som das batidas na porta ecoou pelo corredor do apartamento, firmes e impacientes, como se quisessem atravessar a madeira com pura raiva. Do outro lado, Olívia terminava de ajustar o laço do robe de cetim preto que usava, os cabelos soltos caindo sobre os ombros com uma casualidade ensaiada. Ela já sabia quem estava ali. Sabia pelo modo como Sérgio a olhou quando ela saiu da empresa, com os olhos faiscando de indignação e a mandíbula cerrada como uma promessa.
Girou a maçaneta com calma e abriu a porta com um sorriso preguiçoso, quase entediado.
— Que visita inesperada… — murmurou, como se a cena não fosse mais do que um déjà vu repetido.
Sérgio entrou sem dizer nenhuma palavra, os passos duros, o olhar afiado varrendo o apartamento como se buscasse alguma prova do teatro que ela insistia em encenar. O ambiente estava impecável, claro. Sempre estava. Sofás em tons neutros, quadros modernos e o aroma doce de lavanda no ar. Mas nada ali o apaziguava. Nada abafava o fogo que queimava e