A chuva fina da tarde escorria pelo vidro do escritório quando Sérgio ouviu três batidas firmes na porta. O som, seco contra o silêncio preenchido pelo cheiro de papel e café frio, fê-lo erguer os olhos. Antes que pudesse responder, Miguel entrou, fechando a porta com um gesto que soou mais definitivo do que precisava. Trajava o casaco ainda úmido, segurava uma pasta gasta contra o peito e trazia no rosto aquele ar de quem havia passado as últimas horas revirando arquivos e conversando com estranhos ao telefone.
— Precisamos conversar. — disse, sem cerimônias, enquanto pousava a pasta sobre a mesa.
O coração de Sérgio disparou. O jeito do primo não deixava espaço para dúvidas: havia descoberto algo. Ele se levantou imediatamente, afastando a cadeira com um gesto nervoso.
— O que foi? — perguntou, a voz baixa, já tensa. — Encontrou alguma coisa?
Miguel caminhou até a mesa e colocou a pasta diante dele. Abriu-a com calma, como quem prepara o terreno para algo que pode mudar tudo. De den