Os dias seguintes correram como um fio esticado entre decisão e silêncio, cada hora marcada pelo som seco das canetas riscadas sobre o papel e pelo tilintar insistente das xícaras contra os pires. O escritório parecia encolher-se a cada madrugada em claro: pilhas de mapas abertos, passagens de avião impressas, anotações rabiscadas às pressas. O ar estava impregnado de café frio e de uma ansiedade que parecia se infiltrar até nas paredes.
Sérgio mal conseguia se concentrar em qualquer coisa além do objetivo. A mente girava em torno de uma só ideia: encontrar Abigail. O nome dela era um ponto de luz que ardia, constante, no meio da escuridão. Miguel, por outro lado, mantinha a calma prática de sempre, aquela postura de quem carrega a lucidez como armadura.
— Cada movimento precisa parecer comum. — dizia, a voz firme, quase didática. — Você não vai a Belluno direto. Primeiro Milão, depois Verona. Só então seguimos para lá.
Sérgio assentia, ainda que cada parte de si gritasse por urgência