O corredor do palácio parecia mais pesado do que nunca. A notícia da morte de Lerna tinha se espalhado com uma velocidade sombria, como uma sombra que engolia qualquer esperança. Sussurros tensos percorriam os salões, e até os guardas, acostumados à rigidez do palácio, trocavam olhares preocupados, evitando se cruzar com os olhos uns dos outros.
Eu estava no meio do salão principal, o coração batendo forte, tentando controlar a tempestade que se formava dentro de mim. Cada rosto que passava era uma lâmina, cada silêncio, uma acusação muda. Eles todos sabiam. Sabiam que Lerna morreu porque Valkar, em sua arrogância e cegueira, não acreditou na minha palavra. Não quis acreditar.
E assim, a mulher que me ajudou, que arriscou tudo para proteger o meu filho, pagou com a vida.
Valkar estava no trono, imóvel, sua presença dominadora preenchendo o espaço, mas seus olhos — aqueles olhos — estavam carregados de uma frieza quase cruel, uma frieza que sempre me fez sentir invisível e culpada.
— E