O salão das concubinas cheirava a mirra e sangue.
Eliara ajoelhava-se sobre grãos espalhados no mármore polido. Suas mãos estavam atadas para trás com uma fina tira de couro cru, que apertava sua pele até cortá-la. Kora, sentada numa cadeira de veludo rubro, observava com os olhos semicerrados, saboreando o momento como quem degusta um vinho raro.
— Achei que as lobas eram fortes — murmurou Kora, revirando um anel de esmeralda nos dedos. — Mas essa aí... não geme nem chora. Que graça tem isso?
As outras concubinas riram, algumas com desprezo, outras com medo.
A rainha-mãe, parada atrás de Kora, mantinha-se em silêncio, mas seu olhar dizia mais que mil palavras: aprovação fria.
Eliara olhava fixamente para a parede. Suas pernas tremiam, mas não desabavam. O suor escorria pela têmpora, pingando silenciosamente no chão.
— Você vai se curvar — disse Kora, erguendo-se e indo até ela. — E quando se curvar, eu estarei aqui. Assistindo você se apagar.
Ela se abaixou, roçando os lábios